quarta-feira, 23 de março de 2011

Endless Money

Depois de meses, retorno com uma análise breve sobre um filme chamado Wall Street- O Dinheiro Nunca Dorme. Assistimos à referida película durante a aula de Finanças Internacionais, e compartilho com os leitores do blog meu review.
Espero produzir mais textos acadêmicos este semestre, para poder atualizar o Ciência Diplomática com mais frequência.
Agradeço a todos que leem, comentam e também àqueles que simplesmente me "seguem".
Sinceramente, muito obrigado!


Wall Street- O dinheiro nunca morrerá

Oliver Stone dirige com maestria a esperada continuação de Wall Street- Poder e cobiça, estrelado por Michael Douglas em 1987. Com o subtítulo de O Dinheiro nunca dorme, continua exatamente onde o seu antecessor parou, após os 9 anos de prisão do personagem interpretado por Michael Douglas. Ganhando a liberdade num período marcado pela severa crise financeira que abalou as economias mundiais em 2008, o ganancioso Gordon Gekko vê que o mundo financeiro mudou bastante enquanto esteve offline: “Eu fui preso porque ganhei muito dinheiro. Hoje em dia, isso é legal!”.
E é justamente esse o contexto que embasou a crise financeira de 2008. A busca por lucros cada vez maiores, a especulação imobiliária, entre outros fatores, culminaram na bolha do mercado imobiliário. Cada vez mais pessoas investiram no setor de imóveis, até que a bolha... simplesmente explodiu, levando à bancarrota milhares de cidadãos. O problema basicamente estava relacionado ao setor monetário da economia, cujo crescimento não acompanhou o desenvolvimento real correspondente no setor produtivo. No filme, há uma passagem que é uma clara alusão à bolha imobiliária. Vemos a mãe de Jacob Moore, o pupilo de Gekko, tendo muitas dificuldades para continuar vendendo imóveis e, não podendo mais viver naquelas tribulações, se vê obrigada a voltar à antiga vida de enfermeira.
O filme e sua narrativa usam o sistema financeiro não apenas como tema, mas também como ambiente e- por que não?- personagem principal. É nas negociações e especulações entre as empresas e instituições financeiras que acontecem as principais jogadas e reviravoltas do filme. Nesse aspecto, vemos a dualidade paradoxal entre o caráter humano e as operações financeiras, no que tange à confiança. Tudo no mercado financeiro está relacionado a ela. De maneira que uma empresa pode ser estável e confiável, mas não podemos esperar que as pessoas que transacionam com seus valores também o sejam. Sob esse prisma, percebemos através do filme que um simples comentário de um indivíduo- apesar de não verdadeiro- pode provocar verdadeiros cataclismas no mercado de ações e levar uma empresa despreparada à falência. Se a empresa não é confiável, sendo suscetível a crises políticas, estruturais ou administrativas por quaisquer fatores que sejam, os investidores tendem a vender suas ações o mais rápido possível- justamente para evitar prejuízos. No filme, os falsos boatos sobre o futuro da empresa provavelmente seriam infrutíferos caso ela gozasse de relativa estabilidade e confiabilidade junto ao grande público, de acordo com Antonio Milano, diretor-geral da Fator Corretora (SP), em entrevista à revista Istoé Dinheiro.
Relacionado a esse aspecto, o filme mostra com veracidade a crescente importância das chamadas redes sociais em nosso mundo globalizado atual. Uma das maneiras pelas quais os boatos infundados sobre o destino da referida empresa são disseminados é justamente a Internet, com seus fóruns e mensagens conjuntas. De fato, ferramentas como Twitter e Facebook são utilizadas não apenas por pessoas físicas, como jurídicas também. Além de fonte de fofocas sociais, muitos as utilizam como meio de comunicação e principal fonte de informação. Por isso, as empresas e instituições atuais devem permanecer atentas a essas modernidades e, se ainda não o fizeram, precisam atualizar-se e utilizá-las a seu favor- antes que alguém as utilize contra. Afinal, uma mentira re-twitada mil vezes torna-se uma verdade, e uma verdade assim disseminada torna-se um dogma na atual rede mundial de computadores, com conseqüências econômicas e sociais a nível global.
Com um roteiro bem amarrado e atuações dignas de nota, Wall Street- O Dinheiro nunca dorme mostra-se bastante relevante nos dias atuais. O encontro de gerações também foi feliz, na medida em que uniu grandes veteranos do cinema a notáveis talentos atuais- Susan Sarandon e Michael Douglas não podiam estar melhores, assim como Shia LaBeouf e Carrey Mulligan não deixaram a desejar em nenhum ponto. Resta aos espectadores esperar a continuação daquela que poderia ser a terceira parte de uma trilogia: Wall Street- Reciclando Dinheiro, já que o próprio Gekko afirma que a energia verde é a próxima bolha.