terça-feira, 24 de agosto de 2010

Quem será o próximo a ser promovido?

Li em "Os bastidores da Diplomacia", do embaixador Guilherme Luiz Leite Ribeiro, que antigamente os diplomatas aguardavam a morte de algum embaixador para haver a liberação de uma vaga e a possível promoção na carreira.
Mas hoje em dia, pelo visto, até falecidos competem por um posto como embaixador.
Venho neste post fazer uma sucinta crítica à promoção de Vinicius de Moraes como embaixador.
É inegável que Vinícius foi um grande poeta. Sua contribuição para o mundo das Letras em nosso país foi enorme. Por que, então, não dar a ele algum reconhecimento nesse campo? Uma cadeira na ABL, o nome de alguma biblioteca ou teatro. Não é desconhecido do grande público sua personalidade expansiva e seu gosto pela vida noturna, com suas bebidas e diversões. Definitivamente, sua expulsão do Itamaraty não foi arbitrária. Sua personalidade e atitudes não condiziam- e espero que nunca condigam- com o que se espera de um diplomata no exterior. A vida boêmia era uma característica muito conhecida de Vinícius, mas nem por isso sua obra tem menos valor ou seu caráter é duvidoso- ele apenas não era adequado ao serviço diplomático brasileiro.
Dar a ele esse reconhecimento póstumo é valorizar características definitivamente inadequadas a diplomatas, sendo apenas mais uma política ideológica de "popularização" da diplomacia. Reafirmando, sua poética é brilhante e seu caráter pode ter sido excelente, mas definitivamente sua personalidade notadamente boêmia não era adequada a um membro do corpo diplomático brasileiro. Já basta termos um presidente que não fala idiomas estrangeiros e, por isso, tem erroneamente diminuído a rigidez dos exames de seleção à carreira diplomática. O Brasil tem excelentes diplomatas e cidadãos- não precisávamos de Vinícius como Embaixador, enquanto há homenagens mais adequadas a esse grande brasileiro no campo da poesia e da música- mas não na Diplomacia.

Aproveito o ensejo para divulgar o blog do grande diplomata brasileiro Paulo Roberto Almeida, em seu blog
www.diplomatizzando.blogspot.com ; do qual retiro o seguinte poema:


DivertimentoBlog Tim Tim no TibeteThursday, August 19, 2010
Um diplomata só já é risível;poeta e diplomata, isso é demais!
Fica bem nas fronteiras do incrível:
Vinícius e Cabral não quero mais!
Foi você que pediu Octavio Paz?
Não sei o que ele fez nem o que faz.
Poetas são patetas com plumas e diplomatas são coisas nenhumas.
Claudel que vá rezar avé marias
e o Perse consertar as avarias
que fez à Resistência no exílio.
Não pensem que esquecemos o Abílio
Guerra Junqueiro, toda uma ameaça:
o Rei a cair morto numa praça!
Poetas diplomatas, vão pastar!
Poetas presidentes?! Nem pensar...
E não julguem que sou qualquer reaça!
Eu sou da nobre estirpe de um talassa...

sexta-feira, 12 de março de 2010

Aprendendo com formiguinhas

Abaixo segue um texto escrito por mim para a aula de Gestão Empresarial, com base nos conhecimentos teóricos sobre o tema e no filme Vida de Inseto, da Disney.
Gosto muito de analisar obras de ficção e verificar suas relações com a realidade, buscando analogias bastante interessantes e didáticas para ensino.
Bom proveito.

Vida de inseto: Uma análise organizacional
O belo filme infantil Vida de Inseto, produzido pelos Estúdios Disney no fim da década de 1990 e indicado ao Oscar de Melhor Trilha Sonora, é muito mais do que uma mera fábula sobre formiguinhas e joaninhas. Analisado sob olhos criticamente treinados, percebe-se claramente paralelos e analogias às relações humanas laborais, além de ser uma metáfora sobre a transição individual para níveis mais elevados de maturidade.
A estória é contada através de lindas imagens digitais que, logo ao princípio, mostram um típico dia no formigueiro no qual o enredo é centrado. Percebemos claramente a nítida divisão e especialização do trabalho: enquanto umas formigas andam em fila, com passos constantes, outros supervisionam o trabalho e outras controlam a produção, enquanto a Rainha, sempre respeitada, cuida da árdua tarefa de ensinar seu ofício à sua primogênita, passando seu conhecimento numa via de mão única.
Percebe-se claramente que a estrutura organizacional daquele formigueiro, apesar de gerar frutos, encontrava-se estagnada e sua mão-de-obra, ainda que estimulada autoritariamente, revelava não utilizar todo seu potencial. Podemos relacionar tal fato ao próprio propósito do trabalho em si: as formigas trabalhavam arduamente colhendo alimento não para consumo e/ou lucro próprio, mas sim para perpetuar uma situação de exploração e violência, alimentando os gafanhotos. Da forma como os ensinamentos da Formiga Rainha estavam sendo passados à sucessora Princesa Atta, presume-se que tal situação seria perpetuada pela segunda geração, caso uma certa formiga não se destacasse na multidão.
Esse é um aspecto muito curioso do filme, mostrar o papel que um único individuo pode desempenhar na mudança de toda uma estrutura social/organizacional. Como disse o Imperador Chinês de Mulan, outro clássico Disney, “Um grão de arroz pode virar a balança. Um homem pode ser a diferença entre a vitória e a derrota.”. É bem engraçada a forma como somos apresentados ao protagonista Flick, a criativa formiga operária que vai quebrar todo o status quo do formigueiro. Logo no começo da estória, Flick demonstra sua criatividade utilizando uma colheitadeira por ele inventada. Porém, aquele formigueiro, governado pelas regras tradicionais da Formiga Rainha, revelava-se deveras conservador e baseado na gestão centralizada, que não valorizava as qualidades individuais como a criatividade daquele humilde empregado. As formigas-operárias, cujo trabalho era basicamente braçal, deveriam limitar-se às suas tarefas mecânicas e repetitivas, tendo qualquer forma de modernidade reprimida. Mas vale ressaltar que tal situação não era mantida por ambição ou ganância da Formiga Rainha, mas sim porque aquela é a TRADIÇÃO: Ela aprendeu que um formigueiro deveria ser administrado daquela maneira, e sua sucessora deveria seguir tal exemplo. Dessa forma, as formigas temem qualquer situação nova, o que é representado pelas angústias e receios da Princesa Atta e pela cômica queda de uma pequena folha, quebrando a ordem da fila e desnorteando as pobres formigas que apenas aprenderam a andar em filas retas e carregar alimentos.
Superado o tumulto causado pela queda da folha, a formiga Flick acidentalmente provoca a perda de toda a colheita do formigueiro, inflamando a ira dos gafanhotos e, consequentemente, atemorizando todas as formigas. A figura de Hopper- o líder dos Gafanhotos- é bastante interessante pois contrasta com a da Rainha Formiga. Ele lidera sua equipe através do Poder, enquanto ela o faz através da Autoridade. Enquanto ele é obedecido e temido devido sua força e capacidade de coerção, ela o é devido sua influência pessoal derivada da tradição de respeito ao seu cargo e dos seus longos anos de exercício, porém sem reflexão por parte dos subordinados. Numa audiência pública que mostra a Hierarquia Organizacional do Formigueiro, Flick é julgado pela realeza, pelos membros daquele Conselho e pelos civis, tendo que sair do formigueiro e partir em busca de ajuda para reverter a situação caótica que criara.
Numa clara alusão à ideia de libertação, Flick cruza as fronteiras do formigueiro voando numa pequena flor, por céus nunca antes enfrentados. Era a primeira vez que uma formiga daquela colônia saía de suas fronteiras, e Flick literalmente sentia-se um interiorano na cidade grande. Não à toa, é notável sua admiração com o controverso grupo de insetos de Circo, que parecem modernos, livres e fortes: qualidades que subconscientemente ele desejava ver – e via- em si mesmo.
Também buscando a libertação da estrutura organizacional obsoleta e opressora às quais estavam subordinados, os insetos de Circo unem-se a Flick, e aquele interessante grupo de desajustados partem em direção ao Formigueiro. É curiosa a maneira como eles são recepcionados, tendo em vista o receio que o formigueiro tinha ao que era novo e diferente. Mas tempos difíceis exigem medidas desesperadas, mostrando que os problemas devem ser usados como catalisadores de crescimento e transformação. Afinal, como um velho jargão diz, “Se a vida lhe dá limões, faça uma limonada!”. A peça apresentada em homenagem aos “heróis” é uma divertida homenagem intertextual à peça Píramo e Tisbe, apresentada em “Sonhos de uma Noite de Verão”, de Shakespeare. As formigas acolhem o grupo de forasteiros e suas ideias controversas e modernas, olhando Flick com outros olhos: os olhos da esperança, que não tem mais para onde recorrer. Tendo o apoio da Realeza e da grande massa trabalhadora, Flick finalmente pode exercer sua Liderança e aplicar medidas sutis que transformam toda a vida daquela comunidade.
Não à toa, a produtividade aumenta a partir do momento em que as formigas passam a sentir-se parte importante do processo produtivo, num ambiente de trabalho mais descontraído e organizado. Flick mostra-se um bom líder, que valoriza as peculiaridades de cada um, utilizando-as de forma a melhor aproveitá-las no trabalho. Também mostrou-se aberto a críticas e a novas ideias. Com efeito, são perceptíveis as mudanças sentidas pelos Insetos de Circo, que sentem-se verdadeiramente importantes, fortes e capazes e, por que não dizer também, mais humanos. Afinal, na vida real um bom líder é aquele que cuida e serve aos seus subordinados, mantendo a boa manutenção daquela que é a parte principal de todo o processo produtivo por ele chefiado.
O planejamento detalhado promovido por Flick para a derrota dos Gafanhotos, utilizando ideias e sugestões das outras formigas, permitiu um melhor controle daquele processo e, consequentemente, a sua melhor execução. Uma grande diferença entre a nova e a antiga administração das formigas é percebida quando eles colocam em ação o plano do Pássaro e o mesmo não vai de acordo com o planejado. As formigas não se desesperaram e souberam contornar o problema, contrastando paradoxalmente com a queda da folha ao começo do filme.
E assim como o interior de cada formiga trabalhadora é transformado, a vida da Princesa Atta também o é. Junto com Flick, Atta passa a ter uma nova visão de Liderança e administração, desenvolvendo seu próprio tipo de Liderança e sua autogestão, tornando-se mais confiante e autônoma. Atta livrou-se dos velhos paradigmas aos quais sua mãe- e ela própria- estava presa, permitindo uma administração dos operários mais eficaz e eficiente.
Por isso, não foi surpresa quando todas as formigas uniram-se contra os opressores Gafanhotos ao ouvir o inflamado discurso da futura Rainha: “as formigas colhem, as formigas ficam com a comida e os gafanhotos voam!”. Isso mostrou que a mudança fora realizada no topo e na base da pirâmide hierárquica, possibilitando que todas as formigas e insetos de circo lutassem juntos contra os Gafanhotos que, apesar de maiores, eram menos numerosos. Seguindo o espírito de uma famosa frase, “Sonho que se sonha junto se torna realidade”. A passagem da coroa para Atta oficializa a mudança de paradigmas naquele formigueiro, onde a antiga pirâmide hierárquica das relações laborais passou a ser mais horizontalizada e as individualidades mais respeitadas e aproveitadas. A curiosa cena da colheita final, com o uso das máquinas colheitadores desenvolvidas por Flick, comprova as transformações no perfil empreendedor do Formigueiro, tornando seus membros mais espontâneos, criativos e pró-ativos.
Conseguindo arrancar do espectador muito mais do que boas risadas, Vida de Inseto é comprovadamente uma excelente fonte para análise organizacional de empresas e, por que não, de nossas próprias vidas. Tal qual a doce formiguinha princesa Dot, todos deveriam ser mais curiosos e abertos a novas ideias que possam nos edificar, transformando experiências desagradáveis em sementes que, bem semeadas, venham a verdadeiramente transformar o jardim de nossas vidas e empresas.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Velhas e futuras e amizades


Eu estava introspectivo e reflexivo hoje, lembrei dos meus amigos e do quanto estou afastado deles... Culpa deles, minha? Não sei, e nem importa. A vida nos leva naturalmente a caminhos diferentes, temos nossas próprias estradas para trilhar. E temos que nos dedicar a ela, nos afastar um pouco das pessoas importantes em nossas vidas.

Mas sempre voltamos um pouco na contra-mão da vida, e temos que esporadicamente nos lembrar de quem no passado já foi constantemente presente, seja em aulas, recreios, treinos, ou passeios avulsos, nas inúmeras oportunidades da vida.

Amigos, lembrei de vcs e quero que saibam que sempre serão importantes para mim, por mais que nosso contato não seja constante (muito esporádico na verdade), mas quero que saibam que em mim vcs sempre terão um amigo, e espero poder chamá-los para sempre assim.

Afinal, o que é um diplomata sem amigos? hehehe

Não preciso citar nomes, pois se algum de vcs ler isso, vcs saberão que é de vcs que estou falando. =D




Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos...

Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre...

Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados...

Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo...

Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida!

A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos...

Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo...

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores... mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos.



Abraços e boa sorte no caminho de vcs. Espero que nossas estradas se cruzem mais vezes em 2010 e obrigado pela amizade até hoje, vocês foram mt importantes na minha vida. :)