quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Discurso da Vitória

O Centro Acadêmico de Relações Internacionais realizou nos dias 17 e 18/11 a primeira simulação de uma Corte Internacional de Justiça, na qual eu estive representando o governo estadunidense na pessoa do Excelentíssimo Presidente Barack Obama, frente ao caso do Plano Colômbia. O governo estadunidense ganhou a causa, tendo o tal plano aprovado! Gostaria de agradecer a ajuda de Joel Nascimento, Bruna Brasil e Felipe Oliveira, alunos concluintes de RI que ajudaram na minha defesa perante a corte. Junto com suas atuações, o discurso proferido por mim ao início da última sessão com certeza teve peso na decisão do júri. Por isso posto aqui o referido discurso, para apreciação da comunidade em geral.


"Muito se tem comentado nesta Corte sobre a ajuda estadunidense à Colômbia. Ora, os EUA são de fato um país rico e desenvolvido e, como tal, sentimos a obrigação de ajudar os irmãos menos favorecidos, pois eles só poderão ajudar-nos e tornar-se nossos parceiros caso também sejam fortes internamente. Principalmente um irmão latino-americano como a Colômbia, que tem um grande potencial. Pois embora sejamos diversos países, somos um só continente: Somos a América! Tanto a Colômbia quanto nós, EUA, temos nossos problemas internos que lutamos diariamente para que sejam resolvidos. Afinal de contas, somos a terra da liberdade, do Mcdonald's, de Hollywood! Podemos ajudar irmãos necessitados? YES, WE CAN! E preferimos ser condenados por tentar ajudar a irmã Colômbia, do que ser absolvidos permitindo que sua soberania, prosperidade e a segurança de suas famílias sejam ameaçadas por terroristas bandidos e traficantes! E que fique bem claro aqui nesta corte: Se os EUA vão ser julgados a cada vez que ajudarem uma nação que pede nosso auxílio, seja militar ou econômico, se preparem! Pois esta não vai ser a última vez que a presente corte nos encontra aqui. OS EUA JAMAIS NEGARÃO AJUDA A QUEM VIER ATÉ NÓS!!! Obrigado pela atenção."

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Coisas Belas e Sujas

Depois de tanto tempo sem produzir algo digno de postagem, venho apresentar agora uma crítica escrita 100% por mim sobre o filme Coisas Belas e Sujas, o qual assisti numa aula do curso de Relações Internacionais.
Até o próximo post ;)
abraçosss

American Dream- O sonho não acabou
O american way of life sempre foi o sonho de milhões de estrangeiros que, todos os anos, escolhem abandonar seus países de origem e embarcam no mundo da imigração- ilegal, na maioria das vezes-, em direção aos Estados Unidos da América. Mas o ataque terrorista às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001 mudou ligeiramente o cenário. Sim, cidadãos dos mais diversos países continuam querendo mudar de vida nalgum país desenvolvido, mas as políticas anti-terroristas adotadas pelo governo estadunidense dificultou a entrada de imigrantes ilegais no país. Com efeito, outros destinos tornaram-se mais cotados e mais acessíveis à grande massa. E é esse o ponto de partida do diretor Stephen Frears, no excelente Coisas Belas e Sujas.
Estrelado por Chiwetel Ejifor e Audrey Tautou, a emocionante trama ambienta-se no submundo londrino habitado por nigerianos, islâmicos, chineses, brasileiros e cidadãos de inúmeras outras nacionalidades que sobrevivem ilegalmente no país através de empregos informais. No trabalho doméstico, na prostituição, no setor industrial, cada um encontra uma forma de sobreviver sem chamar a atenção de autoridades. E como submetem-se as tais condições, tem de suportar calados as agruras e abusos aos quais são expostos.
O diretor parte desse princípio para iniciar a ação de sua narrativa. A descoberta de um coração entupindo a privada de uma suíte do hotel em que trabalha, leva o nigeriano Okwe a descobrir um intrincado esquema envolvendo tráfico de órgãos e passaportes falsificados, naquele hotel cuja fachada elitista encobre todas essas atividades sombrias.
É interessante notar a clara metáfora empregada para a descoberta do coração na privada: uma sociedade que descarta os sentimentos, tratando-os como meros dejetos. E é essa mesma sociedade que não nota o quão importantes podem ser pessoas como Okwe, um médico que trabalha como taxista e recepcionista de hotel; ou Senay, a bela moça islâmica que é camareira de hotel e conserva suas virtudes; ou até mesmo a prostituta Juliette, que, embora agindo de acordo com os próprios interesses, carrega consigo um bom coração.
A personagem de Senay representa todos aqueles imigrantes a quem são negadas chances de empregos formais, obrigando-os a enriquecer os gordos industriais que os utilizam como mão-de-obra barata, explorando-os de forma a beirar a escravidão. Como alternativa para mudar de vida -já que em Londres a situação torna-se insuportável ao sofrer abusos sexuais de seu patrão-, Senay decide vender um de seus rins em troca de um passaporte falso para os EUA.
É curioso que Senay e diversos outros imigrantes parem em Londres como um degrau para chegar aos EUA. De fato, ficou mais difícil entrar diretamente na Terra do Tio Sam, e isso torna outros países meras escalas para alcançar o destino final, a tão sonhada terra prometida. Sob esse prisma, percebe-se a linha tênue que une Coisas Belas e Sujas a Casablanca, outro sucesso cinematográfico: Ambos mostram o cotidiano de cidades utilizadas como escala para alcançar a liberdade estadunidense, liberdade essa alcançada por meios ilícitos (passaportes falsos) em ambas as obras.
Temendo pela saúde de Senay, que teria seu rim retirado sob condições precárias, o médico Okwe compromete-se a realizar todo o processo cirúrgico, com a ajuda da prostituta Juliette. Sua perícia em procedimentos do tipo mostra o quanto uma nação como a Inglaterra perde ao dificultar a legalização de imigrantes, podendo utilizá-lo como força de trabalho de forma a contribuir em demasiado para a saúde no país.
A reviravolta na trama acontece justamente no momento da cirurgia, quando Okwe e seus companheiros driblam o traficante de órgãos e conseguem dopá-lo, vendendo seu próprio rim e conseguindo os tão sonhados passaportes. É somente nesse instante que vemos um legítimo cidadão inglês, com exceção dos policiais. Sua frase sintetiza toda a hipocrisia das classes dominantes de países desenvolvidos, que julgam viver em paraísos na Terra: “E quem são vocês, que nunca vi?”, ao que Okwe responde: "Nós somos as pessoas que vocês não vêem. Somos nós que limpamos suas latrinas, dirigimos seus carros, chupamos seus paus".
O amor que nasce entre Okwe e Senay representa outra profunda ligação com Casablanca: Eles não podem ficar juntos no final, pois devem tomar rumos diferentes, em países diferentes, apesar de se amarem. De fato, o filme tem esse tom realista acerca do amor e da vida. Mostra pessoas adultas, tomando decisões sensatas e práticas sobre seus futuros. O amor não como o objetivo final, mas sim como a FERRAMENTA sem a qual aquele desfecho não teria sido possível. E tal qual Humphrey Bogart ao dizer adeus a Ingrid Bergman- mesmo sabendo que sempre a amará-, Okwe despede-se de Senay e parte rumo a seu destino, para construir a vida sob uma nova identidade.
Apesar de o filme mostrar um final “feliz”, com os protagonistas salvando-se de um destino trágico muitas vezes reservado àqueles que tentam práticas ilícitas para sair dos países, ele é diferente dos demais na medida em que mostra que aquele mal continua e continuará presente na sociedade. Okwe e Senay apenas salvaram suas peles, mas muitos outros imigrantes passarão por situações parecidas. Tal qual J. K. Rowling enfatiza em sua aclamada série Harry Potter, “(...) o mal existe e vai persistir. Por isso devemos combatê-lo pouco a pouco, devagar e sempre”. E esse filme é uma excelente maneira de expor essa diferente face da sociedade, afim de que mudanças sejam solicitadas e realizadas em favor da dignidade humana, independente de etnias e/ou nacionalidades.
Vale ressaltar que a utilização integral ou parcial do referido texto acarretará medidas judiciais, caso não seja citada a fonte. Crime de plágio.
hehehehe